terça-feira, 21 de maio de 2013

Bom filme na Esplanada de S. Luís (anos 60)

Bom filme na Esplanada de S. Luís (anos 60)
Ao ver uma imagem da Antiga Esplanada do Cinema de S. Luís em Faro, mais tarde substituída por um conjunto de imóveis, lembrei-me (em alturas da Grândola, Vila Morena) que tinha eu aulas com o Zeca Afonso, na Escola Industrial e Comercial de Faro, quando entre as conversas que se iam tendo ele anunciou que ia passar nessa Esplanada (estávamos em meia estação, Junho ou Julho) o Filme «A Ilha Nua».
Fiz uma recolha sobre este filme, que já tinha procurado há meses sem o conseguir encontrar (faltava-me o nome do realizador - o japonês Kaneto Shindô) e abaixo deixo essa nota com link para o vídeo com o filme completo, mas antes gostaria de referir como foi recebido esse filme pela «crítica» farense.
Quem vive ou viveu em Faro sabe que havia uma clientela constante no (s) cinemas. Os dois que havia eram do mesmo proprietário, salvo erro Castello Lopes gerida pelo saudoso poeta e senhor da cultura farense Marques da Silva (Marmelada).
Assim essa clientela «certa» ia ver tudo o que era filme (ainda fiz isso uns quantos anos também) uma vez que a televisão era ainda rara, os programas eram pouco atractivos, enfim... e o Cinema (como local) era um excelente meio de convívio: antes dos filmes, nos intervalos e depois dos filmes.
Pois bem, os «intelectuais» bebiam o filme como mandava a praxe (mesmo que não gostassem) e os habitués protestavam contra o dito. Bem, de esclarecer que a história era interessante e já a conto lá mais para a frente, mas o filme tinha um problema que era a ausência de diálogos, ou seja, era um filme em que a única coisa que se ouvia era o ruído de fundo: do mar, do chocalhar dos baldes, do barco, enfim, os dois personagens, marido e mulher, não diziam uma palavra entre si. Dedicavam-se à sua faina por inteiro.
Ora a faina era plantar arroz numa ilhota (nua - daí o nome do filme) que não tinha água. Esta era transportada em baldes dentro de um bote, retirada nos baldes e levada a regar os pés de arroz que se estendiam por uma encosta. Todo o filme retratava isso, o dia a dia do casal, que não fazia mais nada de manhã à noite. Salvo erro nem se vê eles a comer...mas aqui passo à visão do filme.
A parte «moral» tinha lugar no fim, em que o marido ia entregar uma parte do arroz colhido ao proprietário da Ilha. O que eu me lembro bem de ter notado é que as pessoas não protestavam (aquelas que protestavam) contra a lentidão e as repetições das cenas, mas sim pelo filme não ter «palavras = diálogos».
Aconselho este filme, tendo em atenção saber-se que o cinema japonês desde há muitos anos (este filme é dos anos 60) dá cartas em termos de qualidade e inovação.
Daniel Teixeira
«A Ilha Nua», do cineasta japonês Kaneto Shindô.
O filme apresenta a rotina de uma família de pescadores que habita uma das ilhas do oeste do Japão, lugar de belas paisagens e também de desafios para a sobrevivência da família como a escassez de água e alimentos.
Apresentando nuances de documentário, “A Ilha Nua” apresenta uma poesia visual da vida do homem simples em meio às adversidades da natureza, tudo isso junto com uma trilha incidental que ganha destaque devido à ausência de qualquer diálogo no filme.
“A Ilha Nua” venceu o Festival de Moscou e foi candidato ao BAFTA, maior prêmio do cinema inglês. É um clássico do cinema japonês feito pelo diretor de “Onibaba, A Mulher Diabo”, que marcou toda uma geração de cinemaníacos no início dos anos 60.

Filme completo aqui (1h 36 m)

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