sábado, 24 de agosto de 2013

Memórias: Benje, o melhor guarda redes do mundo

 
 
Memórias: Benje, o melhor guarda redes do mundo
 
Quando a bola estava longe, a sua presença lembrava mais a de um velho sábio africano, cansado das duras batalhas. Quando a bola ou os adversários invadiam, por alto ou pela terra, a sua área, ai ele virava pantera ou gato negro, felino, com uns reflexos espantosos, voando para as chamadas defesas impossíveis. Jogou entre os anos 60 e 70 (Farense, Varzim, Leixões...) e era... o melhor guarda redes do mundo!.
 
Na baliza, quando a bola estava longe e dava uns passos no meio da grande área, a sua presença lembrava mais a de um velho sábio africano, cansado das duras batalhas que travara no passado, do que a de um felino voador.
 
Não sei se esta imagem balzaquiana me ocupa a mente devido a só o ter visto, com olhos de ver, já na fase terminal da sua carreira, as ultimas quatro-cinco épocas, mas a verdade é que, logo por cima dessa imagem, se sobrepõe outra, muito mais forte, que emerge quando recordo a sua reacção quando a bola surgia na sua área, por alto ou com avançados isolados ávidos por o fuzilar.
 
Aí, o gigante Benje, virava gato negro, felino, voador, com uns reflexos espantosos, executando, com eficácia e beleza estonteante, as chamadas defesas impossíveis. Por ser negro, algo ainda hoje pouco comum, nos guarda redes que jogam na Europa, todo aquele aparato tinha ainda uma maior dose de magia feiticeira, como se fosse dono de qualquer segredo africano. Mesclava o inestético com o espectacular e criava um estilo único e deslumbrante. Como fez quase todas a sua carreira por clubes ditos pequenos (Varzim, Farense, Leixões...) daqueles que jogam para não descer de divisão, num tempo em que as diferenças entre as equipas em Portugal era gigantesca, as suas sucessivas grandes exibições adquiriam contornos verdadeiramente épicos.
 
Entre elas, recordo uma que assisti ao vivo, no repleto Estádio do Mar, numa tarde com o sol a pino, em Matosinhos, num Leixões-FC Porto, por volta de 1976, que tentei seguir, avidamente, procurando ver por entre a multidão, toda de pé, que seguia hipnotizada o jogo. As imagens que retenho desse hoje estão-me gravadas na memória e (curiosamente, não sei porquê, para além de uma série de cruzamentos para trás da baliza, de um careca lateral portista chamado Taí que, nesse gesto técnico falhado tanto irritava os adeptos azuis e brancos) todas elas estão relacionadas com as espectaculares defesas em voo de Benje. E como ele voava, naquele seu tradicional equipamento cinzento.
 
O jogo terminaria com uma grande vitória do Leixões por 0-0. É verdade, leu bem, não me enganei, o resultado final foi mesmo esse e nessa altura empatar com um grande era como uma vitória para essas pequenas equipas, sobretudo na rivalidade que opunha Leixões e FC Porto..
 
Benje pertence, indubitavelmente, ao universo mágico do futebol português, num tempo em que o império ia do Minho até Timor, ele era, vindo de Angola, como um símbolo desses enorme legado ultramarino que tantas glórias e grandes jogadores, brincas na areia, engraçados e fenómenos, deu ao nosso futebol.
 

A última vez que ouvi falar dele foi, salvo erro, em 2001. Era então funcionário fiscal da Câmara Municipal de Faro, onde se radicara finda a carreira. A beleza do seu estilo pode ser, em parte, apreciada na foto que encabeça este artigo, datada de 1973, num jogo contra o Benfica no velho Estádio da Luz, quando, defendendo as redes do Farense, voou, destemido, para roubar a bola dos pés do ponta de lança do Benfica chamado... Artur Jorge.
 
O homem que melhor definiu a categoria de Benje foi, no entanto, um famoso e precursor treinador que marcou uma época no nosso futebol, pelo sua juventude irreverente, discurso diferente, caustico e que, ainda hoje, estaria muito á frente da maioria dos treinadores que ocupam os bancos da Super Liga.
 
Era Joaquim Meirim e a história sucedeu quando treinava o Varzim, no inicio dos anos 70, e o guarda redes suplente (confesso que não me lembro o nome) andava sempre muito chateado porque nunca jogava. Nem um minuto sequer.
 
Foi então que Meirim, para o moralizar lhe disse para estar tranquilo, que a sua hora iria chegar, pois ele era...o melhor guarda redes da Europa.
 
O “keeper” suplente abriu os olhos de espanto. Se era assim, então porque não estava a jogar?
 
Simples: porque o titular, Benje, era o melhor guarda redes do... mundo!
 
Palavra de mestre Meirim.
 
Texto escrito em 11 de Novembro de 2004, por Luís Freitas Lobo em Planeta do Futebol 

http://www.planetadofutebol.com/artigos/memorias-benje-o-melhor-guarda-redes-do-mundo
 

Colégio da Bernardete

 
 
Colégio da Bernardete
 
Aqui, em Olhão, na Rua General Humberto Delgado, continuação da Rua Diogo Cristina a partir da Avª 18 de Junho (quando se vai para actual estação da Rodoviária) foi o famoso Colégio da Bernardete, como era sumariamente apelidado o estabelecimento de ensino feminino da Dª Bernardete Romeira.

Está lá um outra chapa na porta, mas o que interessa aqui é que era um colégio exclusivamente feminino, onde uma parte substancial das filhas de médios e grandes burgueses de Olhão estudaram.
 
É assim como versão olhanense do Colégio do Alto em Faro, ou mesmo do Colégio Algarve, igualmente em Faro.

Casa do Dr. Passos Valente

 
 
Casa do Dr. Passos Valente
 
Esta é a casa do falecido Advogado farense Dr. Passos Valente, que teve escritório na Rua que vai ter ao Largo das Mouras Velhas, do lado do Teatro Lethes, em frente à entrada do campo de futebol de salão, depois parque de ambulâncias e agora não sei.
 
O rés do chão desta casa parece-me que esteve (ou está) ocupado por uma escola de línguas depois do seu falecimento.
 
É um imóvel «incerto», pelo menos, em termos de arquitectura, na minha opinião: denoto, sem ser especialista, alguma mistura de estilos que pretende ser harmoniosa e que com um pouco de esforço da parte do observador pode sê-lo.
 
Não sei qual será o seu futuro e isso será uma incógnita que só o tempo esclarecerá.
 
Fica no cruzamento da Rua Almeida Garrett com a Rua Dr. Justino Cúmano.
 

Casa dos Rapazes - Instituto D. Francisco Gomes

 
 
Casa dos Rapazes - Instituto D. Francisco Gomes
 
Esta é a casa dos rapazes, na sua vista actual. Infelizmente não consegui encontrar uma imagem dos seus tempos antigos, para contrapor, mas conheci-a de fora relativamente bem. Era uma cerca de paredes brancas com um certo ar de isolamento para o exterior, pela qual se passava sem nos determos muito porque nada era visível senão as paredes.
 
Conheci no entanto alguns dos alunos (para além daqueles de que fui colega na Escola) porque durante bastante tempo na Rua Antero de Quental, onde agora está um prédio de esquina onde moram algumas personalidades importantes da cidade, era um dormitório secundário por cujas janelas se podia ver os alojamentos repletos de beliches e assistia-se à passagem em pelotões tipo tropa dos referidos alunos que vinham ali dormir acabado o dia neste edifício e espaço (em antigo) que aqui se vê.
 
De referir que embora não tenha assistido directamente vim a saber que o falecido Sr. Emílio Vitório Santos, irmão do desenhador e intelectual Tossan, terá tido um papel decisivo para que o pessoal da casa dos rapazes passasse a ter autorização para jogar no Clube de Basquetebol de «Os Bonjoanenses» e em boa hora o fez, porque foi através dos atletas vindos da casa dos rapazes que «Os Bonjoanenses» se colocaram na cidade como referência no Basquetebol de então, só mais tarde aparecendo à tona a equipa de Basquete do Farense.
 
Como recordação ligada e tendo em atenção que a Casa Pia em Lisboa foi criada com os mesmos princípios da Casa dos Rapazes (Instituto D. Francisco Gomes) há neste site uma foto da primeira Selecção Nacional Portuguesa em Futebol, que conta com oito jogadores do Casa Pia.   

Estalagem Caíque em Olhão - Ontem e Hoje

 
 
Estalagem Caíque em Olhão - Ontem e Hoje
 
Nesta Estalagem, militava o Olhanense na Primeira Divisão tal como agora, ficavam as equipas visitantes instaladas quando iam jogar ao então Estádio Padinha.
 
Naquele tempo, fosse qual fosse a equipa, não podia ganhar ou mesmo empatar em Olhão. O ambiente olhanense era febril e um dia o Belenenses «resolveu» empatar.
 
Protestando por uma alegada falta não assinalada contra o Belenenses, esta Estalagem foi cercada e em Olhão havia dois polícias.
 
Contudo as coisas conseguiram acalmar e ao fim de algum tempo e muitas conversações lá foi permitido à equipa do Belenenses seguir até à Estação dos caminhos de ferro, onde estava estacionada um comboio expressamente fretado para o transporte dos jogadores e restante equipa técnica do BFB.
 
Quem me contou isto trabalhava no Hotel e deve haver alguma coisa escrita em jornais desportivos e não só da época.
 
As coisas mudaram muito, mesmo muito, e por volta de 77 tive oportunidade de assistir a um jogo entre o Olhanense e o seu rival regional Farense sem quase nenhuns problemas.
Só me lembro de um haver um adepto muito irritado com o Cajuda (que jogava no Farense na altura) argumentando que ele era de Olhão e que devia jogar, embora com a camisola do Farense, pelo Olhanense.
 
Mas foi um episódio, como tantos outros que ainda se vêm em qualquer lado passados que são sobre 77, cerca de 35 anos. 
 

Casa do Dr. Rocha Gomes

 
 
Casa do Dr. Rocha Gomes
 
O Dr. Elviro Rocha Gomes foi uma das personagens mais conhecidas na cidade de Faro, apesar de nem sempre ser referenciado pelos alunos do Liceu de Faro onde leccionou.
 
Era conhecido como «Alfafa» por razões que desconheço, também não sei exactamente quais as disciplinas (seguramente relacionadas com Letras ou Literatura) que leccionou, mas acredito que fosse Licenciado em Germânicas ou sua equivalente no seu tempo.
 
Fazia traduções de Alemão já após a sua reforma, onde morou então na Rua Dr. Emiliano da Costa e escreveu (a suas expensas) uma colecção razoável de livros, alguns de carácter didático e outros onde fazia ressaltar o seu sentido crítico e o seu excelente humor.
 
Viveu nesta casa, na Rua Antero de Quental, durante largos anos e não o tivesse eu encontrado na Rua Actor Nascimento Fernandes nem me aperceberia que ele tinha abandonado esta casa, agora na foto quase em ruínas, mas na altura (anos 60/70) uma habitação com algum estatuto.
 
Era uma personagem com um sentido de humor notável e um intelectual à medida algarvia com superior calibre. E por aqui ficou e fica a sua memória, como ficou e fica a de muitos outros que por não terem enveredado pela «grande capital» ficaram mais ou menos esquecidos e se vão «deixando» esquecer pelo tempo. 

Quintal do Sr. Sebarrinha

 
 
Quintal do Sr. Sebarrinha
 
Aqui neste quintal e casa anexa, como é claro, morou o Sr. Sebarrinha, antigo empregado na Drogaria (ou casa de artigos eléctricos) Arcanjo, situada no topo da Rua de Stº António, sensivelmente a seguir à Farmácia Baptista.
 
O temperamental Cavaco, conhecido electricista da cidade de Faro, ainda trabalhou lá, e eu, embora tivesse tido alguma lidação, curta, com o Cabecinha (na Gardy) pouco antes do seu falecimento, não consigo (memorialmente) fazer a ligação entre o Cavaco e o Cabecinha, pois parece-me que na altura do seu falecimento o Cavaco trabalhava para o Cabecinha (pai).
 
De qualquer forma um dia chegarei lá e como estamos a falar do Sr. Sebarrinha seria de dizer que o seu profissionalismo e competência eram reconhecidos assim como a sua capacidade inventiva. Chegou a fazer antenas de televisão acopladas a cabos de vassoura o que na altura era um acontecimento para constar.
 
Neste quintal que se vê em frente funciona no Verão uma excelente cavaqueira entre a vizinhança o que sendo facto cada vez mais raro na cidade tem tido aqui tendência a manter-se.
 
O filho do falecido Sebarrinha tem um estabelecimento na Estrada da Penha, aqui próximo, e herdou algumas qualidades do pai, ou talvez todas, fazendo reparações de aparelhagens diversas embora ultimamente se dedique mais à revenda de aparelhagens usadas.

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Jorge Jesus e o Shampoo



 
 
Jorge Jesus e o Shampoo

Sabiam que o Jorge Jesus, actual treinador do Benfica, aqui com a camisola do Olhanense, quando jogava no Farense era conhecido como o «shampoo»?

Tal alcunha deve-se ao facto dele (e outros jogadores) naquele tempo e dadas as fracas condições de balneário, levarem consigo o material suplementar que julgavam necessário para o banho a seguir ao jogo ou ao treino.

Vários levavam frascos de shampoo, mas só o Jorge Jesus ganhou a alcunha, devido ao carinho e atenção que dedicava ao dito frasco de shampoo.

Assim, a sua preocupação com o cabelo (e o penteado), que todos notamos ainda hoje vem de longe, de muito longe...

A importância do pião



 
 
A importância do pião
 
Quem nunca jogou ao pião pode ter perdido momentos que seriam «imperdíveis» para a a formação pessoal em período de infância.
 
A arte de enrolar o fio, o jogar ao chão, o fazer correr para a palma da mão, o fazer rolar o máximo de tempo possível quer na mão quer colocando de novo no solo e voltar a recuperar, o levar ou dar «cantadas» no topo (operação de picar o pião do concursante perdedor) , o desgosto de sofrer uma «cantada», o prazer de dar uma «cantada» no pião do adversário, enfim...manejo e habituação no manejo de um objecto, prova de habilidade e saber, vocação ou sorte...não há mesmo nada como um pião por mais que as tecnologias de tecla e e ecrã forneçam novidades todos os dias.
 
Ninguém deveria entrar na Universidade sem passar também por uma prova de pião, isso sim, demonstrava vocação, qualidade, paciência, saber perder e saber saber ganhar, respeitar regras e assumir derrotas e vitórias.
 
Sabe jogar ao pião? Sim...então está contratado!!!
 
 

A entrada da Geral (Galinheiro) no Cine Teatro Farense

 
 
A entrada da Geral (Galinheiro) no Cine Teatro Farense e a saída geral para quem estava com pressa. Vindos da Plateia também se fumava ao ar livre, com os porteiros a vigiar, junto às portas.
 
Nunca chamei galinheiro à Geral (frequentei muitas vezes) mas aqui há anos, como achei caro o preço para ouvir o Carlos Paredes um dos responsáveis pela organização do espectáculo, meu amigo, disse-me que «se achas caro vai para o galinheiro».
 
 
Nota: Esta foto veio do José Pelica, mas por razões que desconheço o facebook não me permitiu a partilha directa. Assim, ao José Pelica o que é do José Pelica.